Achados pré-históricos

Fósseis de preguiça-gigante que viveu na ‘Era do Gelo’ são descobertos em Pains

Achados pré-históricos
Reginaldo, Lucélio e Agenor, da equipe de apoio do Espeleogrupo Pains (FOTO: Bruno Kraemer – EPA/Divulgação)

Fósseis de uma preguiça-gigante que viveu durante a chamada “Era do Gelo” foram descobertos na Gruta João Lemos, na vizinha cidade de Pains. Mesmo calcificada, 25% da ossada ainda pôde ser resgatada, incluindo o úmero esquerdo, ossos carpais, falanges, costelas, crânio fragmentado, vértebras e osso palmar.
Conforme noticiou o “g1”, a preguiça-gigante viveu no período Pleistoceno e pertenceu à megafauna extinta ao final da última era glacial. A descoberta dos fósseis dela foi feita por integrantes do Espeleogrupo Pains (EPA) em 2022, durante as atividades de campo da Escola Brasileira de Espeleologia (EBRE) da Sociedade Brasileira de Espeleologia (SBE).
“Em parceria com pesquisadores do Programa de Pós-graduação em Geografia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), os trabalhos de identificação e resgate dos fósseis foram finalizados só agora, em 2024. Os fósseis da espécie Catonyx aff. cuvieri de preguiça-gigante da família Scelidotheriinae foram encontrados permineralizados, ou seja, a estrutura biomineral dos ossos foi substituída pela calcita, mineral do meio circundante”, informa a reportagem.
Segundo Luiz Eduardo Panisset Travassos, docente do Departamento de Geografia da PUC Minas, não foi possível realizar a sexagem do animal porque a bacia pélvica do fóssil não foi encontrada. “No entanto, podemos dizer que o animal atingiu a fase adulta pelas extremidades dos ossos longos, as epífises, estarem fundidas às diáfises, ou seja, corpo ósseo”, afirmou.
De acordo com o pesquisador Bruno Kraemer, que participou da atividade, o animal apresentava uma estrutura aproximada de um novilho de 150 quilos, corpo alongado, crânio de aspecto tubular, membros atarracados e garras poderosas. “A locomoção desse animal era peculiar e denominada de pedolateral, ou seja, pisava na face externa das patas. Além disso, seriam capazes de construir tocas no solo para procriarem e se esconderem”, explicou.
Agora, o material seguirá para uma nova jornada. Ele será triado e preparado no laboratório do Programa de Pós-graduação em Geografia – Tratamento da Informação Espacial da PUC Minas – e será destinado à Coleção Paleontológica do Museu de Ciências Naturais da universidade, em Belo Horizonte.

Alguns dos fósseis encontrados em Pains (FOTO: L.E.P. Travassos/Divulgação)

Os fósseis foram encontrados na Gruta João Lemos (FOTO: Agenor Nativo – EPA/Divulgação)