Amaro Freitas se agiganta na imersão espiritual e amazônica do álbum ‘Y’Y’
Em disco autoral que soa como sinfonia, o pianista pernambucano usa instrumento como percussão em temas que revolvem águas afro-brasileiras-indígenas. Capa do álbum '‘Y’Y’, de Amaro Freitas Helder Tavares Resenha de álbum Título: Y’Y Artista: Amaro Freitas Edição: Psychic Hotline Cotação: ★ ★ ★ ★ ★ ♪ Cada álbum de Amaro Freitas simboliza passo adiante no movimento contínuo deste pianista e compositor pernambucano cada vez mais celebrado no cenário internacional do jazz. Em rotação a partir de hoje, 1º de março, o quarto álbum do artista, Y’Y, flagra Amaro imerso em águas amazônicas e embebido na espiritualidade que rege o disco, formatado com produção musical orquestrada pelo artista com Laércio Costa e Vinicius Aquino, este também responsável pela mixagem. Em Y’Y, Amaro se mantém na universalidade da rota afro-brasileira do álbum anterior, Sankofa (2021), mas direciona o olhar para a Amazônia, para as florestas e para os povos que habitam região do Brasil resistente à destruição imposta pela ganância do Homem. Com título que significa água no dialeto do povo indígena Sateré Mawé, o álbum Y’Y dever ser entendido como sinfonia amazônica que parte da evocação das magia das águas e da ancestralidade de lendas do norte em Mapinguari (Encantado da mata) e Uiara (Encantada da água) – Vida e cura – faixas que já escancaram a forte carga espiritual do disco e o acento percussivo do piano (preparado) de Amaro – e segue por caminhos que remetem a origem pernambucana do artista nascido no Recife (PE) até desaguar no mar jazzístico de Encantados. Exuberante faixa que encerra o disco, Encantados junta Amaro Freitas com o baixista cubano Aniel Someillan, o baterista norte-americano Hamid Drake e o emergente flautista inglês Shabaka Hutchings – músico também presente na faixa-título Y’Y – em gravação que reitera o jazz como a matéria-prima do som do pianista, ainda que esse espírito jazzístico soe menos evidente ao longo do álbum Y’Y. E por falar em espírito, o do percussionista pernambucano Naná Vasconcelos (1944 – 2016) paira ao longo da faixa-tríbuto Viva Naná entres sons de florestas e rios. No disco Y’Y, Amaro Freitas utiliza o piano como instrumento de percussão, o que fica evidenciado nos oito minutos e meio da Dança dos martelos. Na já citada faixa Uiara, o músico faz uso de EBow (dispositivo de arco eletrônico utilizado em guitarra) nas cordas do piano, para gerar ruídos como o do boto rosa, e também usa fita adesiva para distorcer o som do instrumento e simular o toque dos sintetizadores. Tanto preparo faz com que cada peça da sinfonia soe diferente. Sonho ancestral, por exemplo, adquire tom onírico que se conecta com a aura celestial impressa em Gloriosa pelo toque da harpa da instrumentista norte-americana americana Brandee Younger. Tributo de Amaro à mãe, Rosilda, Gloriosa sinaliza que, por mais que rode o mundo do jazz, Amaro continua com os pés mergulhados nas águas do estado natal de Pernambuco e na raiz afro-brasileira. Em Mar de cirandeiras, tema gravado por Amaro com o guitarrista norte-americano Jeff Parker, o artista revolve essas águas, se revezando nos toques de Fender Rhodes e piano acústico. Celebração da diáspora africana, na visão do pianista, o álbum Y’Y é mais um passo ousado e certeiro de Amaro Freitas no universo ilimitado do jazz. Amaro Freitas lança o quarto álbum, ‘Y’Y’, com tributo ao percussionista pernambucano Naná Vasconcelos (1944 – 2016) entre as nove faixas Micael Hocherman / Divulgação
Em disco autoral que soa como sinfonia, o pianista pernambucano usa instrumento como percussão em temas que revolvem águas afro-brasileiras-indígenas. Capa do álbum '‘Y’Y’, de Amaro Freitas Helder Tavares Resenha de álbum Título: Y’Y Artista: Amaro Freitas Edição: Psychic Hotline Cotação: ★ ★ ★ ★ ★ ♪ Cada álbum de Amaro Freitas simboliza passo adiante no movimento contínuo deste pianista e compositor pernambucano cada vez mais celebrado no cenário internacional do jazz. Em rotação a partir de hoje, 1º de março, o quarto álbum do artista, Y’Y, flagra Amaro imerso em águas amazônicas e embebido na espiritualidade que rege o disco, formatado com produção musical orquestrada pelo artista com Laércio Costa e Vinicius Aquino, este também responsável pela mixagem. Em Y’Y, Amaro se mantém na universalidade da rota afro-brasileira do álbum anterior, Sankofa (2021), mas direciona o olhar para a Amazônia, para as florestas e para os povos que habitam região do Brasil resistente à destruição imposta pela ganância do Homem. Com título que significa água no dialeto do povo indígena Sateré Mawé, o álbum Y’Y dever ser entendido como sinfonia amazônica que parte da evocação das magia das águas e da ancestralidade de lendas do norte em Mapinguari (Encantado da mata) e Uiara (Encantada da água) – Vida e cura – faixas que já escancaram a forte carga espiritual do disco e o acento percussivo do piano (preparado) de Amaro – e segue por caminhos que remetem a origem pernambucana do artista nascido no Recife (PE) até desaguar no mar jazzístico de Encantados. Exuberante faixa que encerra o disco, Encantados junta Amaro Freitas com o baixista cubano Aniel Someillan, o baterista norte-americano Hamid Drake e o emergente flautista inglês Shabaka Hutchings – músico também presente na faixa-título Y’Y – em gravação que reitera o jazz como a matéria-prima do som do pianista, ainda que esse espírito jazzístico soe menos evidente ao longo do álbum Y’Y. E por falar em espírito, o do percussionista pernambucano Naná Vasconcelos (1944 – 2016) paira ao longo da faixa-tríbuto Viva Naná entres sons de florestas e rios. No disco Y’Y, Amaro Freitas utiliza o piano como instrumento de percussão, o que fica evidenciado nos oito minutos e meio da Dança dos martelos. Na já citada faixa Uiara, o músico faz uso de EBow (dispositivo de arco eletrônico utilizado em guitarra) nas cordas do piano, para gerar ruídos como o do boto rosa, e também usa fita adesiva para distorcer o som do instrumento e simular o toque dos sintetizadores. Tanto preparo faz com que cada peça da sinfonia soe diferente. Sonho ancestral, por exemplo, adquire tom onírico que se conecta com a aura celestial impressa em Gloriosa pelo toque da harpa da instrumentista norte-americana americana Brandee Younger. Tributo de Amaro à mãe, Rosilda, Gloriosa sinaliza que, por mais que rode o mundo do jazz, Amaro continua com os pés mergulhados nas águas do estado natal de Pernambuco e na raiz afro-brasileira. Em Mar de cirandeiras, tema gravado por Amaro com o guitarrista norte-americano Jeff Parker, o artista revolve essas águas, se revezando nos toques de Fender Rhodes e piano acústico. Celebração da diáspora africana, na visão do pianista, o álbum Y’Y é mais um passo ousado e certeiro de Amaro Freitas no universo ilimitado do jazz. Amaro Freitas lança o quarto álbum, ‘Y’Y’, com tributo ao percussionista pernambucano Naná Vasconcelos (1944 – 2016) entre as nove faixas Micael Hocherman / Divulgação