Artigo: Maestro José Eduardo Júnior
Jorge Zaidam Viana de Oliveira (De Formiga/MG)
Seu Zeca da Banda ou simplesmente Zé Eduardo, era assim como muitos conheciam esse gigante da música formiguense. Nascido em 24 de outubro de 1894, era ferreiro de profissão, em um tempo em que as peças do rijo metal eram moldadas sob a batida vigorosa da marreta no ferro em brasa sobre a bigorna. José Eduardo tinha a música como paixão, tocava trompete, um instrumento musical que à sua época era conhecido como pistom. O trompete é muito versátil, vai com facilidade das notas graves às mais agudas. Dependendo do instrumentista, acordes agudíssimos, próprios do flautim, são nele alcançados, o trompetista Zé Eduardo era um desses. O músico só parou de tocar por motivo de saúde, mas não abandonou a arte.
O conhecimento teórico do musicista era notório entre os seus colegas e os seus discípulos, o que mais chamava a atenção é que ele era autodidata, nunca tendo frequentado um Conservatório Musical. Sua caligrafia para a escrita de pautas musicais é comparável às cópias impressas digitais de hoje, tamanha a perfeição. Ainda como pistonista, dirigiu a Corporação Musical São Vicente Férrer, alçando o posto de maestro em 1925, permanecendo na liderança da banda até o seu afastamento em meados de 1982, em virtude do avançar da idade.
Centenas de músicos foram formados pela sua batuta, através das aulas práticas e teóricas. Com ele iniciava-se os primeiros passos através do manual ABC Musical, passando a seguir pelas lições cantadas no livro do compositor francês Alexis de Garaudê. Somente ao término dos solfejos, o professor permitia ao aprendiz ter acesso ao instrumento escolhido. Segundo ele, seguir esse método evitava que o futuro músico viesse a “tocar de ouvido”, ou seja, sem o conhecimento musical básico. Muitos dos seus ex-alunos seguiram carreira em bandas militares, em orquestras sinfônicas ou em bandas-shows por este Brasil afora.
A Corporação Musical São Vicente Férrer foi a sua vida. Seus compromissos eram os ensaios às quartas-feiras e as retretas aos domingos nos coretos da praça do mesmo nome da banda e depois do Jardim Novo, como era chamada no passado a Praça Ferreira Pires. Durante a semana, ministrava aulas de música para jovens e adultos.
Dobrados, marchas e valsas tinham as suas partituras decoradas pelo regente, que demonstrava esse conhecimento nos ensaios e nas tocatas. Procissões da Semana Santa tinham maior simbolismo quando contavam com as marchas fúnebres regidas por ele, muitos fiéis iam às lágrimas ao ouvir aquelas manifestações sonoras de luto durante os cortejos. Outros eventos religiosos também eram abrilhantados pela corporação musical sob o seu comando. Nos desfiles e solenidades cívicas, lá estava o Zé Eduardo à frente da banda.
José Eduardo Júnior partiu para a Morada Eterna em 24 de janeiro de 1988, deixando o seu nome gravado para sempre na história musical de Formiga.
Maestro José Eduardo recebe placa de homenagem pelos 50 anos de regência da Corporação Musical São Vicente Férrer, em 1975
Maestro José Eduardo regendo a Corporação Musical