Artigo: O Conjunto Dália Azul
Por: Jorge Zaidam Viana de Oliveira (De Formiga/MG)
No passado as bandas que se apresentavam em bailes eram conhecidas por conjuntos. Por ocasião do carnaval, esses conjuntos musicais eram muito requisitados, pois não existia essa parafernália eletrônica de hoje que emite sons ensurdecedores à guisa de canções.
Em Formiga existiu um desses conjuntos que era destinado a bailes carnavalescos, mas que também abrilhantava outros eventos dançantes em diversas épocas do ano. Seu dirigente era o conhecido Mestre Zezinho. O nome escolhido para o grupo seguiu a tendência daqueles anos dourados, quando essas pequenas bandas tinham nomes de flores. A flor dália, de origem mexicana, que se adaptou ao solo brasileiro, cuja cor mais frequente é a vermelha, foi a escolhida, porém na cor do céu. Assim surgiu o Dália Azul que teve a sua estreia na campanha das eleições do Prefeito de Formiga, Dr. Ary Aluizio Soares. Os bailes ocorreram nos barracões da Companhia Industrial Formiguense, a antiga Charqueada, de propriedade do pai do candidato Ary, o lendário Coronel Frederico Aluízio Soares.
Carnavais formiguenses das décadas de 1950 e 1960 não teriam sido os mesmos sem a presença dos músicos da “Turma do Zezinho”. Centro Operário, na rua Barão de Piumhi, Sede da Banda, na Rua 13 de Maio, Salão do Caixote em Pé, na Rua Governador Valadares, Salão da Algodoeira, na Rua Floriano Peixoto, Salão da Máquina de Café, na antiga Rua do Tomé, hoje Marechal Deodoro e a sede social do Vila Esporte Clube, na Rua Lassance Cunha, foram locais das festas ao Rei Momo, abrilhantadas pelo Conjunto Dália Azul.
A foto retrata o pequeno grupo carnavalesco no salão Caixote em Pé, o imóvel tinha este pitoresco nome, por causa do seu formato arquitetônico que lembrava um caixote. Era o carnaval de 1955. Os músicos, da esquerda para a direita em pé são Gaspar no funchê, Izaltino animador, Valmir Lopes no banjo, Manoel Veloso, Francisco “Quinha” no sax, Milton “Gibi” na bateria, José Vilela “Piolho” nas maracas, Donato na percussão, Francisco “Chiquinho” no pandeiro, Zé do Franco no pistom (trompete), Alvarina e José de Oliveira, o Mestre Zezinho e Albertino nas maracas. Agachados: Valter Lopes, que se tornaria músico da Polícia Militar de MG e Zé Rosa no bongô.
A única mulher do grupo é a minha saudosa mãe Alvarina, ao lado do meu pai Zezinho, também de saudosa memória. Uma curiosidade, eu estou nesta foto, porém bem escondidinho na barriga da minha mãe, certamente ouvindo marchinhas de carnaval, esperando a chegada do meu nascimento, que ocorreria alguns meses depois.