Artigo: Templários do Apocalipse
AC de Paula (de São Paulo)
Rio abaixo ou rio acima, qual é o valor da rima que devagar se aproxima no contra fluxo do verso, qual será o seu quilate? Entre a virtude e o pecado, o sujo e o mal lavado, o roto e o esfarrapado, eu me perco e me disperso, o cão que morde não late?
Poesia é faca de ponta e se o poema o desaponta disfarce e faça de conta que não leu, não viu, não sabe, nem ao menos desconfia! Eu brinco de rima esconde não sei lhe dizer pra onde foram os pombos da praça o trem maria fumaça, nem a minha rebeldia!
Na constante inconstância do panorama atual, só sei dizer que nem sei se o diferente é igual ou o igual é diferente, tudo parece anormal, tudo parece aparente, frágil, superficial, muito telhado de vidro, muita cara de paisagem, muito fala e não diz nada, muita conversa fiada, palavras ocas, vazias, promessas vãs e mentiras, quimeras e fantasias, a verdade que não veio, de sofisma e de falácia já estou de saco cheio!
Pai Google joga os búzios e num instante vaticina sentimentos vãos, difusos, atarantados e confusos, estupidez não tem vacina! Explode o grito do silêncio de inocentes figuras, e ecoa feito um lamento muito além da Conchinchina, radicalismo selvagem nas terras do Oriente estrela sem rota ou sina!
E não me julguem ateu, mas a incoerência é tanta, verdade, Jesus nasceu na Terra chamada Santa?
E os anos se passaram, pois passar era o seu destino, isso era certo e o que havia sido previsto de fato ocorreu. Os anais da história traziam em seus registros a origem do fatal acontecimento.
A aniquilação da cultura havia sido perpetrada pelo mais alto mandatário e desde então os artistas foram dando soco na ponta da faca da vulgar hipocrisia reinante. A cultura de forma geral não ia de encontro aos desejos da corte e seus robôs de última geração, aliás muito pelo contrário.
Homens sempre foram perigosos, homens pensantes e cientes de seus direitos e obrigações, era perigo dobrado, se a tudo isso se juntasse a expressão artística a coisa ficava muito mais séria e este perigo precisava ser evitado.
Agora nos escombros do velho teatro que se transformara em um foco de resistência se reuniam atores, escritores, atrizes, diretores teatrais, visagistas, músicos, compositores, e poetas, entre outros amantes das artes.
Era preciso muito cuidado, pois os Templários do Apocalipse eram ferozes caçadores daqueles que ousavam pensar e expressar suas opiniões, a classe artística fora condenada à extinção e banida do seio da sociedade, pois seres pensantes com posições divergentes dos detentores do poder eram sinal de perigo.
- É preciso resistir, dizer o que se pensa! Disse Cassius o Visagista. - Sim, mas como armas temos apenas ideias e ideais, além da coragem dos sonhadores! Rebateu Marcus, o Poeta.
– Se nossa arte não chegar às pessoas elas continuarão a agir como se ela nunca houvesse existido e pensar que é uma coisa sem importância. Não podemos correr o risco de registrar nossos pensamentos e conhecimentos em qualquer forma de preservação de registro histórico já inventada.
Nossa mente, por enquanto é o único lugar seguro.
- Hélius ponderou que a qualquer custo era preciso conservar e preservar a liberdade de expressão pois a frase virara uma simples forma de retórica.
No entanto tudo deveria ser transmitido aos interessados pelo velho sistema boca a boca para evitar rastros que se detectados gerariam retaliações por parte do poder constituído.
Portanto deveriam ser tomadas todas as precauções.
Ao final da reunião, aos poucos os resistentes foram se retirando, em breve a patrulha da Cruzada dos Templários faria a sua ronda, sempre procurando cumprir o Decreto da Nova Inquisição.
Era preciso cuidado!