Do carrinho de mão à moto

Na primeira metade do século passado, pela quase inexistência de veículos automotores em Formiga, era muito comum o uso do transporte de tração humana, feito através de pequenas carroças de madeira, conhecidas simplesmente por carrinhos de mão.
O pedreiro aposentado, Paulo Silva, morador do tradicional bairro do Rosário, onde foi nascido e criado, do alto dos seus 94 anos e ainda muito lúcido, contou-me que na década de 1940, ele, ainda um menino, foi “contratado” pelo proprietário do Cine Teatro Municipal, que era edificado onde hoje é o estacionamento ao lado do prédio da Prefeitura Municipal, sua tarefa: buscar e levar as fitas dos filmes em caixas de lata, na estação ferroviária da Rua Governador Valadares, que na época ainda não tinha esse nome. O meio de transporte utilizado era um carrinho de madeira idêntico ao da foto. Salário: entrada nas sessões cinematográficas, que ele inocentemente achava que estava entrando de graça. 

Os carrinhos de madeira para o transporte de pequenas cargas dominavam o cenário da pacata Formiga dos anos 1930/1950. Na foto, a famosa Casa Caxangá era uma das lojas que utilizava esse meio de transporte para entregas e pequenos carretos, estabelecida nas imediações da Praça Getúlio Vargas, este imóvel estava de pé até poucos dias, quando foi iniciada a sua demolição, matando mais um pouco da história do centro da Cidade das Areias Brancas. Estacionado à sua frente, está o aliado número um da empresa, no quesito transporte de pequenas entregas. 
Os carinhos, depois, foram substituídos por charretes e carroças de tração animal. Com o crescimento das cargas e com a velocidade que o mundo moderno exige, o transporte agora é feito em pequenas caminhonetes e furgões. Os carrinhos de mão, raramente vistos nas ruas, têm até definição no Código de Trânsito Brasileiro, onde são denominados “carro de mão”. 
Nos dias de hoje, para as pequenas entregas, reina absoluto as motocicletas, que substituíram definitivamente os velhos carrinhos de madeira, que agora só são encontrados em imagens da Internet ou na memória de quem viveu o tempo em que eles eram imprescindíveis no dia a dia das pessoas.