Indústria brasileira pede aumento de imposto para frear 'invasão' de veículos chineses
Participação de veículos do gigante asiático nas vendas brasileiras subiram de 7% no primeiro semestre do ano passado para 26% no volume registrado de janeiro a junho deste ano. Dolphin da chinesa BYD. BYD/Divulgação A invasão de veículos chineses no Brasil está preocupando a indústria automotiva local e intensificado os pedidos do setor para que a recomposição da alíquota de automóveis elétricos importados aconteça o quanto antes. Dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) divulgados nessa quinta-feira (4), por exemplo, apontam que a participação da China nas vendas de veículos no Brasil saiu de 7% no primeiro semestre do ano passado para 26% no volume registrado de janeiro a junho deste ano. Desde o começo deste ano, o governo decidiu implementar um aumento gradativo do imposto de importação para veículos elétricos, que deve chegar à alíquota cheia de 35% em julho de 2026. A elevação do tributo teria sido pensada como forma de incentivar o investimento na produção nacional de veículos elétricos. Com o aumento do imposto para os veículos importados, a ideia é tornar a mercadoria nacional mais atraente, uma vez que o custo deverá ser menor ao consumidor final. Veja como deve ser a cobrança ao longo do tempo: Veículos híbridos 15% em janeiro de 2024; 25% em julho de 2024; 30% em julho de 2025; 35% em julho de 2026. Híbridos plug-in 12% em janeiro de 2024; 20% em julho de 2024; 28% em julho de 2025; 35% em julho de 2026. Elétricos 10% em janeiro de 2024; 18% em julho de 2024; 25% em julho de 2025; 35% em julho de 2026. Segundo o presidente da Anfavea, Marcio Lima, a recomposição da alíquota antes do previsto ajudaria a indústria a recuperar a produção local — que, de acordo com a associação, ficou praticamente estável (+ 0,5%) no primeiro semestre deste ano em relação a igual período do ano passado. "Nosso posicionamento sempre foi de recomposição imediata da alíquota, porque nós já antecipávamos que isso ia acontecer. [...] O aumento imediato é fundamental para que a gente tenha um cenário de crescimento de produção no segundo semestre", afirmou o executivo. Ainda segundo Lima, a cobrança cheia do imposto também pode ajudar a equilibrar melhor o volume de importações e exportações na indústria automotiva brasileira. Segundo a Anfavea, por exemplo, a importação de veículos registrou 198 mil emplacamentos no primeiro semestre deste ano, um volume quase 38% maior em relação ao observado no período de janeiro a junho de 2023, quando era de 144 mil. Do aumento total, de 54 mil unidades, 78% respondiam por veículos chineses. As exportações, por outro lado, recuaram 28,3% na mesma base de comparação, para 165 mil veículos. "Quando falamos de mercado internacional, a gente tem que analisar o cenário de importação e exportação. Se as exportações também tivessem crescido, esse cenário estaria mais equilibrado. Mas vimos um aumento muito grande de importações e uma queda substancial de exportações", disse o presidente da associação. "Essa combinação de fatores fez com que a Anfavea solicitasse o aumento imediato das alíquotas para 35%", acrescentou. De acordo com Lima, essa é a primeira vez em mais de dez anos que as importações do setor superam as exportações. Já no caso do segmento de autopeças, enquanto as vendas de produtos para o exterior caíram 17%, as compras de produtos internacionais recuaram 9%. "Quando você cai importação de autopeças para localizar a produção, é bom. Mas agora, o que está acontecendo é que caíram as importações de autopeças porque aumentaram as importações de veículos finalizados", explicou Lima. Para o executivo, se o Brasil tivesse uma política de exportações de autopeças para a China, o cenário estaria um pouco melhor — uma vez que mesmo que houvesse um aumento considerável de importações de veículos do gigante asiático, as exportações de autopeças ainda seria positiva para o setor. "Mas nesse caso específico, temos importações [de veículos chineses], mas não temos exportações para lá. Isso afeta o setor de autopeças e afeta indústria automobilística e precisamos não colocar em risco os R$ 130 bilhões de investimentos que já anunciamos", completou Lima. (Esta reportagem está em atualização)
Participação de veículos do gigante asiático nas vendas brasileiras subiram de 7% no primeiro semestre do ano passado para 26% no volume registrado de janeiro a junho deste ano. Dolphin da chinesa BYD. BYD/Divulgação A invasão de veículos chineses no Brasil está preocupando a indústria automotiva local e intensificado os pedidos do setor para que a recomposição da alíquota de automóveis elétricos importados aconteça o quanto antes. Dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) divulgados nessa quinta-feira (4), por exemplo, apontam que a participação da China nas vendas de veículos no Brasil saiu de 7% no primeiro semestre do ano passado para 26% no volume registrado de janeiro a junho deste ano. Desde o começo deste ano, o governo decidiu implementar um aumento gradativo do imposto de importação para veículos elétricos, que deve chegar à alíquota cheia de 35% em julho de 2026. A elevação do tributo teria sido pensada como forma de incentivar o investimento na produção nacional de veículos elétricos. Com o aumento do imposto para os veículos importados, a ideia é tornar a mercadoria nacional mais atraente, uma vez que o custo deverá ser menor ao consumidor final. Veja como deve ser a cobrança ao longo do tempo: Veículos híbridos 15% em janeiro de 2024; 25% em julho de 2024; 30% em julho de 2025; 35% em julho de 2026. Híbridos plug-in 12% em janeiro de 2024; 20% em julho de 2024; 28% em julho de 2025; 35% em julho de 2026. Elétricos 10% em janeiro de 2024; 18% em julho de 2024; 25% em julho de 2025; 35% em julho de 2026. Segundo o presidente da Anfavea, Marcio Lima, a recomposição da alíquota antes do previsto ajudaria a indústria a recuperar a produção local — que, de acordo com a associação, ficou praticamente estável (+ 0,5%) no primeiro semestre deste ano em relação a igual período do ano passado. "Nosso posicionamento sempre foi de recomposição imediata da alíquota, porque nós já antecipávamos que isso ia acontecer. [...] O aumento imediato é fundamental para que a gente tenha um cenário de crescimento de produção no segundo semestre", afirmou o executivo. Ainda segundo Lima, a cobrança cheia do imposto também pode ajudar a equilibrar melhor o volume de importações e exportações na indústria automotiva brasileira. Segundo a Anfavea, por exemplo, a importação de veículos registrou 198 mil emplacamentos no primeiro semestre deste ano, um volume quase 38% maior em relação ao observado no período de janeiro a junho de 2023, quando era de 144 mil. Do aumento total, de 54 mil unidades, 78% respondiam por veículos chineses. As exportações, por outro lado, recuaram 28,3% na mesma base de comparação, para 165 mil veículos. "Quando falamos de mercado internacional, a gente tem que analisar o cenário de importação e exportação. Se as exportações também tivessem crescido, esse cenário estaria mais equilibrado. Mas vimos um aumento muito grande de importações e uma queda substancial de exportações", disse o presidente da associação. "Essa combinação de fatores fez com que a Anfavea solicitasse o aumento imediato das alíquotas para 35%", acrescentou. De acordo com Lima, essa é a primeira vez em mais de dez anos que as importações do setor superam as exportações. Já no caso do segmento de autopeças, enquanto as vendas de produtos para o exterior caíram 17%, as compras de produtos internacionais recuaram 9%. "Quando você cai importação de autopeças para localizar a produção, é bom. Mas agora, o que está acontecendo é que caíram as importações de autopeças porque aumentaram as importações de veículos finalizados", explicou Lima. Para o executivo, se o Brasil tivesse uma política de exportações de autopeças para a China, o cenário estaria um pouco melhor — uma vez que mesmo que houvesse um aumento considerável de importações de veículos do gigante asiático, as exportações de autopeças ainda seria positiva para o setor. "Mas nesse caso específico, temos importações [de veículos chineses], mas não temos exportações para lá. Isso afeta o setor de autopeças e afeta indústria automobilística e precisamos não colocar em risco os R$ 130 bilhões de investimentos que já anunciamos", completou Lima. (Esta reportagem está em atualização)