Josyara realça e expande sentidos do repertório da Timbalada com voz e violão no EP 'Mandinga multiplicação'
Josyara lança EP em que regrava seis músicas do repertório da Timbalada, banda de percussão fundada por Carlinhos Brown em 1991 Natália Arjones / Divulgação Capa do EP 'Mandinga multiplicação – Josyara canta Timbalada’ Natália Arjones Resenha de EP Titulo: Mandinga multiplicação – Josyara canta Timbalada Artista: Josyara Edição: Deck Gravadora: ★ ★ ★ ★ ♪ Josyara acerta ao enfatizar o toque especial do violão da artista no EP em que a cantora, compositora e instrumentista baiana aborda com personalidade o repertório da Timbalada, banda de percussão formada por Carlinhos Brown no verão de 1991 com jovens negros da periferia de Salvador (BA) e com base na batida do timbau, tambor de origem africana. É que, no caso de Josyara, a força do canto é potencializada pelo toque percussivo do violão da musicista. Essa simbiose ficou evidente no álbum que chamou atenção para o som de Josyara, Mansa fúria (2018), e se diluiu no álbum seguinte, ÀdeusdarÁ (2022), de menor impacto. Em rotação a partir de sexta-feira, 2 de fevereiro, em edição da Deck, o EP Mandinga multiplicação – Josyara canta Timbalada repõe tudo no devido lugar. No disco, produzido pela própria Josyara no Estúdio T em Salvador (BA) em outubro de 2023, sob direção artística de Rafael Ramos (também responsável pela primorosa mixagem), a artista realça e expande sentidos do repertório da Timbalada. A vibrante percussão tribal da banda inebria tanto o ouvinte que o ritmo por vezes deixa em segundo plano o recado das letras. No EP de Josyara, os versos sobressaem no canto por vezes rústico da intérprete. Tema afinado com a atual tensão política no Oriente Médio, por conta dos versos “Jesus desde menino / É palestino / É palestino”, Ralé (Alain Tavares, Gerônimo e Carlinhos Brown, 2002) parece um canto de retirantes nordestinos na abertura do disco. Faixa-vinheta de 50 segundos, Ralé evoca o elo da música do nordeste do Brasil com a sonoridade árabe em gravação na qual Josyara canta com aridez e toca tiple, instrumento colombiano de cordas, similar ao violão. Na sequência do EP, U-Maracá (Jonny e Val Macambira, 1993) – de cuja letra foi extraído o título Mandinga multiplicação – revolve a raiz ancestral africana do povo preto que desaguou em solo baiano e nele fincou a batida do tambor, evocada pelo violão percussivo de Josyara. Em Mimar você (Alain Tavares e Gilson Babilônia, 1995), sucesso romântico da Timbalada, o violão de nylon de Josyara interage com o violão de aço de Felipe Guedes para realçar a doçura desta canção que já ganhou as vozes de Caetano Veloso e Virgínia Rodrigues. A gravação de Josyara harmoniza o tom melodioso da música com a pulsação de dois violões que embutem claves rítmicas afro-baianas. A ternura romântica é bisada em Namoro a dois (Alain Tavares, 1994) em gravação que Gabriel Rosário se junta a Josyara e a Felipe Guedes para tocar bandolim que imprime mais vibração rítmica à faixa sem diluir o clima dengoso da composição apresentada pela Timbalada no álbum Cada cabeça é um mundo (1994). No mesmo clima, o trio faz Margarida Perfumada (Carlinhos Brown e Cicero Menezes, 1995) desabrochar no mesmo clima convidativo de um encontro a dois. No fim do EP, primeiro disco de Josyara fora da esfera autoral, o canto de Tá na mulher (Alain Tavares e Carlinhos Brown, 1993) soa significativo na voz de artista lésbica que dá pleno sentido a versos como “Mulher é minha sala / Mulher me guia à noite / Mulher é minha laia”. O apuro do EP Mandinga multiplicação – Josyara canta Timbalada se estende à arte visual do disco. De autoria da fotógrafa Natália Arjones, as imagens da capa e do material de divulgação expõem Josyara com a pintura corporal que identifica visualmente a Timbalada. São símbolos tribais pintados com tinta branca nos corpos dos músicos – criação do artista plástico soteropolitano Ray Vianna. Com Mandinga multiplicação, Josyara – baiana de Juazeiro (BA), terra de João Gilberto (1931 – 2019) – se integra à família timbaleira a reboque de violão que, quando quer, embute uma batucada.
Josyara lança EP em que regrava seis músicas do repertório da Timbalada, banda de percussão fundada por Carlinhos Brown em 1991 Natália Arjones / Divulgação Capa do EP 'Mandinga multiplicação – Josyara canta Timbalada’ Natália Arjones Resenha de EP Titulo: Mandinga multiplicação – Josyara canta Timbalada Artista: Josyara Edição: Deck Gravadora: ★ ★ ★ ★ ♪ Josyara acerta ao enfatizar o toque especial do violão da artista no EP em que a cantora, compositora e instrumentista baiana aborda com personalidade o repertório da Timbalada, banda de percussão formada por Carlinhos Brown no verão de 1991 com jovens negros da periferia de Salvador (BA) e com base na batida do timbau, tambor de origem africana. É que, no caso de Josyara, a força do canto é potencializada pelo toque percussivo do violão da musicista. Essa simbiose ficou evidente no álbum que chamou atenção para o som de Josyara, Mansa fúria (2018), e se diluiu no álbum seguinte, ÀdeusdarÁ (2022), de menor impacto. Em rotação a partir de sexta-feira, 2 de fevereiro, em edição da Deck, o EP Mandinga multiplicação – Josyara canta Timbalada repõe tudo no devido lugar. No disco, produzido pela própria Josyara no Estúdio T em Salvador (BA) em outubro de 2023, sob direção artística de Rafael Ramos (também responsável pela primorosa mixagem), a artista realça e expande sentidos do repertório da Timbalada. A vibrante percussão tribal da banda inebria tanto o ouvinte que o ritmo por vezes deixa em segundo plano o recado das letras. No EP de Josyara, os versos sobressaem no canto por vezes rústico da intérprete. Tema afinado com a atual tensão política no Oriente Médio, por conta dos versos “Jesus desde menino / É palestino / É palestino”, Ralé (Alain Tavares, Gerônimo e Carlinhos Brown, 2002) parece um canto de retirantes nordestinos na abertura do disco. Faixa-vinheta de 50 segundos, Ralé evoca o elo da música do nordeste do Brasil com a sonoridade árabe em gravação na qual Josyara canta com aridez e toca tiple, instrumento colombiano de cordas, similar ao violão. Na sequência do EP, U-Maracá (Jonny e Val Macambira, 1993) – de cuja letra foi extraído o título Mandinga multiplicação – revolve a raiz ancestral africana do povo preto que desaguou em solo baiano e nele fincou a batida do tambor, evocada pelo violão percussivo de Josyara. Em Mimar você (Alain Tavares e Gilson Babilônia, 1995), sucesso romântico da Timbalada, o violão de nylon de Josyara interage com o violão de aço de Felipe Guedes para realçar a doçura desta canção que já ganhou as vozes de Caetano Veloso e Virgínia Rodrigues. A gravação de Josyara harmoniza o tom melodioso da música com a pulsação de dois violões que embutem claves rítmicas afro-baianas. A ternura romântica é bisada em Namoro a dois (Alain Tavares, 1994) em gravação que Gabriel Rosário se junta a Josyara e a Felipe Guedes para tocar bandolim que imprime mais vibração rítmica à faixa sem diluir o clima dengoso da composição apresentada pela Timbalada no álbum Cada cabeça é um mundo (1994). No mesmo clima, o trio faz Margarida Perfumada (Carlinhos Brown e Cicero Menezes, 1995) desabrochar no mesmo clima convidativo de um encontro a dois. No fim do EP, primeiro disco de Josyara fora da esfera autoral, o canto de Tá na mulher (Alain Tavares e Carlinhos Brown, 1993) soa significativo na voz de artista lésbica que dá pleno sentido a versos como “Mulher é minha sala / Mulher me guia à noite / Mulher é minha laia”. O apuro do EP Mandinga multiplicação – Josyara canta Timbalada se estende à arte visual do disco. De autoria da fotógrafa Natália Arjones, as imagens da capa e do material de divulgação expõem Josyara com a pintura corporal que identifica visualmente a Timbalada. São símbolos tribais pintados com tinta branca nos corpos dos músicos – criação do artista plástico soteropolitano Ray Vianna. Com Mandinga multiplicação, Josyara – baiana de Juazeiro (BA), terra de João Gilberto (1931 – 2019) – se integra à família timbaleira a reboque de violão que, quando quer, embute uma batucada.