Pianista, arranjador e maestro Laércio de Freitas deixa imenso facho de luz e musicalidade ao morrer aos 83 anos

Laércio de Freitas (1941 – 2024) era pianista e arranjador reverenciado entre os instrumentistas pela musicalidade inventiva Paulo Rapoport / Divulgação – Reprodução Facebook Paulo Rapoport ♪ OBITUÁRIO – Pela imensidão do piano que tocava desde os anos 1950 e que aprendera a manusear na cidade natal de Campinas (SP), onde se graduou em 1957 no Conservatório Carlos Gomes, templo de músicos eruditos, o pianista, arranjador, compositor e maestro paulista Laércio de Freitas (20 de junho de 1941 – 5 de julho de 2024) deixa facho de luz e musicalidade no horizonte do Brasil ao sair de cena. Morto ontem em São Paulo (SP), aos 83 anos, enquanto dormia, Laércio de Freitas tinha formação erudita, mas imprimiu o toque inventivo do piano na música popular do Brasil. Chamado carinhosamente de Tio no meio musical, o instrumentista – pai da cantora e atriz Thalma de Freitas – era identificado com o choro, mote de dois dos cinco álbuns da discografia do artista, São Paulo no balanço do choro (1980) e Laércio de Freitas homenageia Jacob do Bandolim (2006), tendo contribuído como compositor para renovar o choro. Contudo, seria reducionista qualquer tentativa de enquadrar Laércio – tanto como pianista e compositor quanto como maestro – em um determinado gênero musical. Com o piano que o fez extrapolar as fronteiras do Brasil já em 1966, indo tocar em países da Europa e da Ásia, Laércio de Freitas caiu com bossa no suingue brasileiro. Além de choro, tocava samba, coco, baião e xaxado, entre outros ritmos nacionais. Sem falar no samba-jazz derivado da bossa nova e exercitado pelo pianista quando Laércio integrou o Tamba Quatro – conjunto oriundo do Tamba Trio – como substituto de Luiz Eça (1936 – 1992). Com o Tamba Quatro, o pianista lançou o primeiro álbum em 1969, no México. O pianista também integrou a Orquestra Tabajara e fez parte do Sexteto Radamés Gnattali. Como arranjador e/ou músico de estúdio, Laércio de Freitas se tornou gigante na música brasileira, tendo posto o toque do piano em álbuns emblemáticos, como Quem é quem (1973), disco divisor de águas na carreira de João Donato (1934 – 2023). Laércio tocou em discos e/ou shows de nomes como Clara Nunes (1942 – 1983), Elza Soares (1930 – 2022), Erasmo Carlos (1941 – 2022), Ivan Lins, Jards Macalé, Maria Bethânia e Martinho da Vila. Como solista, o pianista debutou no mercado fonográfico em 1972 com álbum, Laércio de Freitas e o som roceiro, que se tornaria cultuado com o passar dos anos. Com abordagem moderna dos sons rurais, o disco trouxe sete temas autorais entre as 11 faixas, inclusive a música mais conhecida do compositor, Capim gordura, popularizada em 1971, ano em que a composição foi lançada em gravações de Luiz Carlos Vinhas (1940 – 2001), Lafayette Coelho (1943 – 2021), Orquestra Som Bateau e Ivon Curi (1928 – 1995). No cinema, Laércio de Freitas atuou como arranjador de trilha sonoras de filmes como Viúva virgem (1972) e Violência em Búzios (1977). Enfim, reverenciado como um mestre entre os instrumentistas e mais reconhecido pelo público como o ator de novelas como Mulheres apaixonadas (Globo, 2003), Laércio de Freitas deixa marcas indeléveis na música brasileira. Laércio de Freitas (1941 – 2024) deixa cultuado álbum solo lançado em 1972 Marco Aurélio Olímpio / Divulgação

Pianista, arranjador e maestro Laércio de Freitas deixa imenso facho de luz e musicalidade ao morrer aos 83 anos

Laércio de Freitas (1941 – 2024) era pianista e arranjador reverenciado entre os instrumentistas pela musicalidade inventiva Paulo Rapoport / Divulgação – Reprodução Facebook Paulo Rapoport ♪ OBITUÁRIO – Pela imensidão do piano que tocava desde os anos 1950 e que aprendera a manusear na cidade natal de Campinas (SP), onde se graduou em 1957 no Conservatório Carlos Gomes, templo de músicos eruditos, o pianista, arranjador, compositor e maestro paulista Laércio de Freitas (20 de junho de 1941 – 5 de julho de 2024) deixa facho de luz e musicalidade no horizonte do Brasil ao sair de cena. Morto ontem em São Paulo (SP), aos 83 anos, enquanto dormia, Laércio de Freitas tinha formação erudita, mas imprimiu o toque inventivo do piano na música popular do Brasil. Chamado carinhosamente de Tio no meio musical, o instrumentista – pai da cantora e atriz Thalma de Freitas – era identificado com o choro, mote de dois dos cinco álbuns da discografia do artista, São Paulo no balanço do choro (1980) e Laércio de Freitas homenageia Jacob do Bandolim (2006), tendo contribuído como compositor para renovar o choro. Contudo, seria reducionista qualquer tentativa de enquadrar Laércio – tanto como pianista e compositor quanto como maestro – em um determinado gênero musical. Com o piano que o fez extrapolar as fronteiras do Brasil já em 1966, indo tocar em países da Europa e da Ásia, Laércio de Freitas caiu com bossa no suingue brasileiro. Além de choro, tocava samba, coco, baião e xaxado, entre outros ritmos nacionais. Sem falar no samba-jazz derivado da bossa nova e exercitado pelo pianista quando Laércio integrou o Tamba Quatro – conjunto oriundo do Tamba Trio – como substituto de Luiz Eça (1936 – 1992). Com o Tamba Quatro, o pianista lançou o primeiro álbum em 1969, no México. O pianista também integrou a Orquestra Tabajara e fez parte do Sexteto Radamés Gnattali. Como arranjador e/ou músico de estúdio, Laércio de Freitas se tornou gigante na música brasileira, tendo posto o toque do piano em álbuns emblemáticos, como Quem é quem (1973), disco divisor de águas na carreira de João Donato (1934 – 2023). Laércio tocou em discos e/ou shows de nomes como Clara Nunes (1942 – 1983), Elza Soares (1930 – 2022), Erasmo Carlos (1941 – 2022), Ivan Lins, Jards Macalé, Maria Bethânia e Martinho da Vila. Como solista, o pianista debutou no mercado fonográfico em 1972 com álbum, Laércio de Freitas e o som roceiro, que se tornaria cultuado com o passar dos anos. Com abordagem moderna dos sons rurais, o disco trouxe sete temas autorais entre as 11 faixas, inclusive a música mais conhecida do compositor, Capim gordura, popularizada em 1971, ano em que a composição foi lançada em gravações de Luiz Carlos Vinhas (1940 – 2001), Lafayette Coelho (1943 – 2021), Orquestra Som Bateau e Ivon Curi (1928 – 1995). No cinema, Laércio de Freitas atuou como arranjador de trilha sonoras de filmes como Viúva virgem (1972) e Violência em Búzios (1977). Enfim, reverenciado como um mestre entre os instrumentistas e mais reconhecido pelo público como o ator de novelas como Mulheres apaixonadas (Globo, 2003), Laércio de Freitas deixa marcas indeléveis na música brasileira. Laércio de Freitas (1941 – 2024) deixa cultuado álbum solo lançado em 1972 Marco Aurélio Olímpio / Divulgação