Primeira Comunhão

Por Jorge Zaidam Viana de Oliveira (De Formiga/MG)

Primeira Comunhão
Jorge Zaidam é professor veterano de história

É tradição na Igreja Católica as crianças frequentarem o catecismo para, ao fim dos conhecimentos adquiridos, estarem aptas a receber a Primeira Comunhão ou Primeira Eucaristia, quando é celebrada a primeira vez em que elas irão receber o Corpo de Cristo sob a forma de pão.  
Em 1966, um desses catecismos aconteceram na Paróquia São Vicente Ferrer. Duas zelosas catequistas, Nancy Brandão e Lurdinha Gomes, eram as responsáveis pelos ensinamentos cristãos aos meninos e às meninas. O Padre Cornélio Korosvsky supervisionava os trabalhos. Na foto do diversificado acervo de Messias Couto, a meninada está uniformizada para o evento. Os meninos de camisa branca e calças curtas azul marinho. As meninas de blusa branca com gravatinha e saia também azul marinho. Todos com um pequeno terço e uma vela nas mãos. Outras crianças vestidas de anjo enfeitavam a foto. 
Quando eu fiz a Primeira Comunhão os trajes eram um pouco mais sóbrios, os meninos vestiam um terninho de casimira na convencional cor azul marinho, no meu caso, feito pelas mãos habilidosas do alfaiate espírita Anésio Ribeiro, de saudosa memória. A camisa branca e gravatinha borboleta preta, os sapatinhos pretos e meias brancas completavam o conjunto. Como adorno, no braço esquerdo, uma fita branca, nas mãos uma vela grande, um terço pequeno e um livrinho de orações do catecismo. As meninas de vestidinho na cor branca, simbolizando a pureza, sapatinhos e meias brancas. Vela, tercinho e livrinho à mão e o que hoje não se vê mais, um véu branco na cabeça. A nossa catequista era a saudosa D. Lourdes Nascimento,  irmã do também saudoso Inhô Campeiro. A sala da catequese funcionava em um antigo imóvel ao lado da casa paroquial, que depois foi demolido junto com a casa principal, para dar lugar ao complexo administrativo da paróquia de hoje. O pároco era o Padre Inocêncio Warmiling, que uma vez entrou em nossa sala, conversou com a criançada, deu a nós conselhos, com a voz pausada e doce, do tipo menino e menina devem respeitar pais e mães, não falar nome feio, ser obediente e gostar da escola. Até hoje não esqueço essas palavras dele...
Lembro-me até do hino cantado por nós, momentos antes da comunhão, que era assim: “Chegou o dia da querida festa / Chegou a hora em que vamos comungar / A inocência brilha em nossa testa / Queremos sempre a Jesus amar / Senhor Jesus nós crianças vos amamos / Com todo o nosso pequeno coração / A recompensa que nós esperamos / Será a nossa eterna salvação / Será a nossa eterna salvação...” Claro que existem outras versões desse cântico com mais versos, mas essa é a que vem à minha memória e certamente foi o que eu e as outras crianças cantaram no longínquo 28 de outubro de 1962, dia da nossa Primeira Comunhão, também na Paróquia São Vicente Férrer.