'Senti uma faísca de esperança', diz jovem com doença da 'pior dor do mundo' momentos antes de iniciar tratamento que pode reduzir sintomas

Carolina Arruda tem neuralgia do trigêmeo e diz que ainda não descarta eutanásia no exterior, mas que pode reavaliar decisão a depender do resultado do tratamento. Ela está internada em hospital no Sul de Minas. ''Senti uma faísca de esperança', diz jovem com doença da 'pior dor do mundo' momentos antes de iniciar tratamento Momentos antes de ser levada para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Santa Casa de Alfenas, Carolina Arruda, de 27 anos, que tem neuralgia do trigêmeo, doença da "pior dor do mundo", afirmou nesta quarta-feira (10) que está feliz em iniciar mais um tratamento que busca diminuir as dores constantes e intensas que ela sente há 11 anos. "Confesso que senti uma faísca de esperança", disse a estudante mineira. ???? Receba no WhatsApp as notícias do Centro-Oeste de MG Ela está internada desde segunda-feira (8) no Centro de Dor da Santa Casa para o tratamento, que ainda é por tempo indeterminado. De acordo com a jovem, o diretor clínico da unidade hospitalar no Sul de Minas e presidente da Sociedade Brasileira para os Estudos da Dor (SBED), Carlos Marcelo de Barros, se ofereceu para ajudá-la após a repercussão do caso. Segundo ela, o tratamento é gratuito. "Confio muito no Dr. Carlos Marcelo, na equipe que está auxiliando ele, no hospital. Eu já acompanhava o Dr. Carlos há algum tempo nas redes, eu conhecia o trabalho dele, sabia desse Centro de Dor e, agora que estou tendo essa oportunidade, estou muito feliz", disse a jovem em vídeo publicado nas redes sociais. Estudante que tenta eutanásia na Suíça passa por novo tratamento em Alfenas, MG Ao g1, o médico Carlos Marcelo disse que casos como o de Carolina devem ser tratados em centros especializados para que a possibilidade de alívio da dor seja maior, mesmo que seja de forma parcial. Pelos próximos meses, ela enfrentará um processo gradual de tratamento na clínica que é especializada em dores crônicas – aquelas dores que persistem por mais de três meses sem solução. Carolina será encaminhada para a UTI nas próximas horas para receber a medicação que exige, em protocolo, que o paciente esteja internado neste tipo de leito. “Na primeira fase do tratamento, ela vai receber medicamentos endovenosos, que são medicamentos bastante potentes para dor. [...] Ela vai ficar internada na UTI por precaução e por cuidado. Todos os protocolos de hospitais que tratam esse tipo de paciente, essas medicações são feitas em terapia intensiva. Ela vai ficar ali de três a quatro dias para a gente tentar tirar ela desse momento agudo, desse sofrimento excruciante que é de momento. [...] Não há expectativa que essa fase inicial vai aliviar ou tratar a dor dela de maneira persistente, mas a gente precisa tirá-la desse sofrimento agudo que ela tem aí há anos acompanhando”, explicou Carlos Marcelo de Barros. Carolina Arruda já está internada para tratamento que visa diminuir as dores que sente Carolina Arruda/Arquivo Pessoal p Mesmo tendo passado por mais de 50 médicos e diversos procedimentos médicos, a moradora de Bambuí aceitou mais uma tentativa de tratamento. Contudo, ela ainda mantém a campanha na internet para conseguir recursos financeiros e ser submetida ao suicídio assistido na Suíça. "O processo da eutanásia/suicídio assistido é muito burocrático, demora muito tempo. Estimo que deve levar dois anos para conseguir a documentação. Então, por isso, eu estou fazendo os tratamentos para as dores para que, nesse período que aguardo a burocracia, eu tenha o mínimo possível de dor. Isso não quer dizer que eu vá desistir da eutanásia, tudo vai depender dos resultados", disse a jovem no início desta semana. O tratamento Será discutido com a paciente todas as opções disponíveis para o tratamento. O médico relacionou quais podem ser as possibilidades: nova intervenção no nervo trigêmeo – seja por balão guiado, que incha e comprime o nervo ou por radiofrequência, que tenta “adormecê-lo”, por exemplo; implante de bomba intratecal de fármacos – dispositivo que leva a medicação até a medula óssea, chegando direto ao sistema nervoso central; tratamento por radiocirurgia (Gamma Knife) – atinge áreas cerebrais específicas para tentar aliviar a dor; implante de neuroestimuladores no nervo trigêmeo – dispositivos que estimulam o nervo e impedem a passagem de dor. O médico Carlos Marcelo ressalta ainda que cada etapa deve ser realizada com muita cautela. Segundo ele, “tratamentos como o da Carolina são complexos e demorados. Eles devem ser realizados com base nas melhores evidências científicas disponíveis”. "Muito importante salientar que o tratamento pode levar meses. Esta fase inicial tem objetivo de tirar dela o sofrimento agudo. Os próximos passos serão tomados de maneira mais racional e amena. Quando o paciente está em pleno sofrimento, isso é muito difícil", afirmou. A história de Carolina Jovem que tem doença com a pior dor do mundo relata rotina Carolina Arruda mora em Bambuí, no Centro-Oeste de Minas Gerais, e é estudante de medicina veterinária. Casada há

'Senti uma faísca de esperança', diz jovem com doença da 'pior dor do mundo' momentos antes de iniciar tratamento que pode reduzir sintomas

Carolina Arruda tem neuralgia do trigêmeo e diz que ainda não descarta eutanásia no exterior, mas que pode reavaliar decisão a depender do resultado do tratamento. Ela está internada em hospital no Sul de Minas. ''Senti uma faísca de esperança', diz jovem com doença da 'pior dor do mundo' momentos antes de iniciar tratamento Momentos antes de ser levada para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Santa Casa de Alfenas, Carolina Arruda, de 27 anos, que tem neuralgia do trigêmeo, doença da "pior dor do mundo", afirmou nesta quarta-feira (10) que está feliz em iniciar mais um tratamento que busca diminuir as dores constantes e intensas que ela sente há 11 anos. "Confesso que senti uma faísca de esperança", disse a estudante mineira. ???? Receba no WhatsApp as notícias do Centro-Oeste de MG Ela está internada desde segunda-feira (8) no Centro de Dor da Santa Casa para o tratamento, que ainda é por tempo indeterminado. De acordo com a jovem, o diretor clínico da unidade hospitalar no Sul de Minas e presidente da Sociedade Brasileira para os Estudos da Dor (SBED), Carlos Marcelo de Barros, se ofereceu para ajudá-la após a repercussão do caso. Segundo ela, o tratamento é gratuito. "Confio muito no Dr. Carlos Marcelo, na equipe que está auxiliando ele, no hospital. Eu já acompanhava o Dr. Carlos há algum tempo nas redes, eu conhecia o trabalho dele, sabia desse Centro de Dor e, agora que estou tendo essa oportunidade, estou muito feliz", disse a jovem em vídeo publicado nas redes sociais. Estudante que tenta eutanásia na Suíça passa por novo tratamento em Alfenas, MG Ao g1, o médico Carlos Marcelo disse que casos como o de Carolina devem ser tratados em centros especializados para que a possibilidade de alívio da dor seja maior, mesmo que seja de forma parcial. Pelos próximos meses, ela enfrentará um processo gradual de tratamento na clínica que é especializada em dores crônicas – aquelas dores que persistem por mais de três meses sem solução. Carolina será encaminhada para a UTI nas próximas horas para receber a medicação que exige, em protocolo, que o paciente esteja internado neste tipo de leito. “Na primeira fase do tratamento, ela vai receber medicamentos endovenosos, que são medicamentos bastante potentes para dor. [...] Ela vai ficar internada na UTI por precaução e por cuidado. Todos os protocolos de hospitais que tratam esse tipo de paciente, essas medicações são feitas em terapia intensiva. Ela vai ficar ali de três a quatro dias para a gente tentar tirar ela desse momento agudo, desse sofrimento excruciante que é de momento. [...] Não há expectativa que essa fase inicial vai aliviar ou tratar a dor dela de maneira persistente, mas a gente precisa tirá-la desse sofrimento agudo que ela tem aí há anos acompanhando”, explicou Carlos Marcelo de Barros. Carolina Arruda já está internada para tratamento que visa diminuir as dores que sente Carolina Arruda/Arquivo Pessoal p Mesmo tendo passado por mais de 50 médicos e diversos procedimentos médicos, a moradora de Bambuí aceitou mais uma tentativa de tratamento. Contudo, ela ainda mantém a campanha na internet para conseguir recursos financeiros e ser submetida ao suicídio assistido na Suíça. "O processo da eutanásia/suicídio assistido é muito burocrático, demora muito tempo. Estimo que deve levar dois anos para conseguir a documentação. Então, por isso, eu estou fazendo os tratamentos para as dores para que, nesse período que aguardo a burocracia, eu tenha o mínimo possível de dor. Isso não quer dizer que eu vá desistir da eutanásia, tudo vai depender dos resultados", disse a jovem no início desta semana. O tratamento Será discutido com a paciente todas as opções disponíveis para o tratamento. O médico relacionou quais podem ser as possibilidades: nova intervenção no nervo trigêmeo – seja por balão guiado, que incha e comprime o nervo ou por radiofrequência, que tenta “adormecê-lo”, por exemplo; implante de bomba intratecal de fármacos – dispositivo que leva a medicação até a medula óssea, chegando direto ao sistema nervoso central; tratamento por radiocirurgia (Gamma Knife) – atinge áreas cerebrais específicas para tentar aliviar a dor; implante de neuroestimuladores no nervo trigêmeo – dispositivos que estimulam o nervo e impedem a passagem de dor. O médico Carlos Marcelo ressalta ainda que cada etapa deve ser realizada com muita cautela. Segundo ele, “tratamentos como o da Carolina são complexos e demorados. Eles devem ser realizados com base nas melhores evidências científicas disponíveis”. "Muito importante salientar que o tratamento pode levar meses. Esta fase inicial tem objetivo de tirar dela o sofrimento agudo. Os próximos passos serão tomados de maneira mais racional e amena. Quando o paciente está em pleno sofrimento, isso é muito difícil", afirmou. A história de Carolina Jovem que tem doença com a pior dor do mundo relata rotina Carolina Arruda mora em Bambuí, no Centro-Oeste de Minas Gerais, e é estudante de medicina veterinária. Casada há três anos e mãe de uma menina de 10, Carolina começou a sentir as dores aos 16 anos, quando estava grávida e se recuperava de dengue. "A primeira dor veio quando estava sentada no sofá da casa da minha avó, tinha acabado de me recuperar de uma dengue. Era uma dor forte, fora do comum. Eu gritava e chorava. Tentei explicar o que era, mas não conseguia palavras porque nunca tinha sentido uma dor tão absurda. A princípio achei que seria uma dor de cabeça em decorrência da dengue”, relembrou. O diagnóstico que Carolina Arruda sofre da 'pior dor do mundo' foi feito há 7 anos pelo neurocirurgião Marcelo Senna, que tem mais de 30 anos de experiência com a neuralgia do trigêmeo. Senna foi procurado por Carolina, à época com 20 anos, quando ela já convivia com as dores há quatro anos e já tinha passado por vários médicos. Anos antes, Senna já tinha dado o mesmo diagnóstico para o bisavô dela. "As dores decorrem de uma artéria que acaba se deslocando e comprimindo o nervo do trigêmeo que, na face, é o mais calibroso. As causas do que provoca essa compressão são desconhecidas, então, não há como falar de hereditariedade", explicou o médico. Médico Marcelo Senna que diagnosticou Carolina Arruda Reprodução/Redes sociais Após o diagnóstico, Carolina Arruda realizou vários tratamentos com outros médicos e cirurgias, como descompressão microvascular, rizotomia por balão e duas neurólises por fenolização, mas sem alívio que trouxesse qualidade de vida para ela. A dor e o desgaste de Carolina com a doença são tão intensos, que fizeram ela tomar a decisão para pôr fim ao sofrimento. Ela faz uma campanha na internet para conseguir recursos financeiros e ser submetida ao suicídio assistido na Suíça. "Já pesquisei sobre tratamentos fora do país, mas são os mesmos que temos aqui. Não existe nada revolucionário fora do Brasil. A falta de conhecimento sobre a doença por parte dos médicos só piora a situação. Os especialistas e médicos de plantão muitas vezes não conhecem a doença e não sabem como tratar”. A Suíça é um dos poucos no mundo onde a assistência médica para o suicídio é legal. Contudo, os pacientes precisam fornecer provas da condição médica, passar por avaliações psiquiátricas e demonstrar um desejo claro e consistente de pôr fim à vida. As organizações que facilitam o suicídio assistido na Suíça oferecem apoio cuidadoso para garantir que a escolha do paciente seja respeitada, e que o processo seja conduzido com dignidade. "Eu não aguento mais. A decisão de buscar a eutanásia foi tomada internamente há muito tempo. E, sim, eu penso em quem vai ficar, mas coloco na balança: as pessoas que me amam preferem lidar com meu sofrimento diário ou lidar com o sentimento da perda, sabendo que eu não estarei mais sofrendo? Não quero viver com dor o resto da vida". "Queria que refletissem com mais empatia. Tomar essa decisão não foi fácil e ela foi baseada em muitos tratamentos e experiências negativas, ouvindo de médicos que não tinham o que fazer. Peço um pouco mais de compaixão", finalizou. Entenda o que é suicídio assistido O que é a neuralgia do trigêmeo? A neuralgia do trigêmeo, também conhecida como a "doença do suicídio", e comparada a choques elétricos e até a facadas. O trigêmeo é um dos maiores nervos do corpo humano. Ele leva esse nome porque se divide em três ramos: o ramo oftálmico; o ramo maxilar, que acompanha o maxilar superior; o ramo mandibular, que acompanha a mandíbula ou maxilar inferior. Ele é um nervo sensitivo, ou seja, que controla as sensações que se espalham pelo rosto. Permite, por exemplo, que as pessoas sintam o toque, uma picada e a dor no rosto. A doença normalmente atinge um lado do rosto. Em casos mais raros, pode atingir os dois — como é o caso da estudante de veterinária. Segundo os especialistas, a dor causada pela doença é uma das piores do mundo. Ela não é constante fora das crises, mas é disparada por alguns gatilhos que, na verdade, fazem parte das vida cotidiana como falar, mastigar, o toque durante a escovação ou barbear e até com a brisa do vento sobre o rosto. A dor é incapacitante. Ou seja, impede que a pessoa consiga fazer atividades simples do dia a dia. Carolina Arruda tem neuralgia do trigêmeo Carolina Arruda/Arquivo pessoal ???? Siga as redes sociais do g1 Centro-Oeste MG: Instagram, Facebook e Twitter ???? Receba no WhatsApp as notícias do g1 Centro-Oeste MG VÍDEOS: veja tudo sobre Centro-Oeste de Minas