Tom Karabachian progride entre as canções de alma ‘blue’ e a brasilidade do primeiro álbum, ‘Barato abstrato’
Tom Karabachian apresenta dez músicas autorais no primeiro álbum, ‘Barato abstrato’, (bem) produzido por Elisio Freitas Lucas Nogueira / Divulgação Capa do álbum ‘Barato abstrato’, de Tom Karabachian Lucas Nogueira com arte de Fernando Blanchart ♫ OPINIÃO SOBRE DISCO Título: Barato abstrato Artista: Tom Karabachian Cotação: ★ ★ ★ 1/2 ♪ A amplitude do baixo tocado por Elisio Freitas na introdução de Sou assim até mudar, primeira das 10 músicas do primeiro álbum de Tom Karabachian – Barato abstrato, no mundo desde a última sexta-feira, 7 de novembro – prepara o terreno para a entrada do canto cool do jovem artista. Cantor, compositor e instrumentista carioca de 27 anos, Antônio Karabachian Araújo tenta se consolidar na cena com disco autoral lançado três anos após o EP Aviciou, editado em 2021, ano em que Mart’nália apresentou o álbum Sou assim até mudar, batizado com o nome da então inédita canção ora revivida pelo autor sem o molejo da cantora. E, verdade seja dita, a gravação íntima de Tom expõe e valoriza a natureza da música em registro delicado como a voz do artista. Sim, Tom Karabachian é das canções e busca a melodia, traço que já o diferencia de grande parte da geração atual, cujo som é mais calcado nas batidas e na timbragem do que propriamente nas músicas em si. Diante desse quadro, faz todo sentido que Tom seja parceiro de Zé Ibarra, outro jovem cantor e compositor de alma antiga. Amigos de infância, Tom e Zé tentam se enturmar com a própria geração ao mesmo tempo que deixam entrever que bebem de límpidas águas passadas. Nos meus olhos, pai e a composição-título Barato abstrato são as duas músicas que Tom e Zé assinam juntos na boa safra do álbum. Barato abstrato injeta ânimo no cancioneiro do artista com coro, ecos de Caetano Veloso e sopros arranjados pelo próprio Tom. Já No meus olhos, pai é bela canção de alma blue que celebra a figura paterna tão presente na vida de Karabachian, filho do cantor, compositor e músico carioca Paulinho Moska. No álbum Barato abstrato, a presença de Moska é sentida nos versos de Um coração só, escritos para a música do filho. A faixa ostenta luxuoso arranjo de cordas de Dora Morelenbaum, outra artista de nobre ascendência musical que no fundo é ovelha (quase) desgarrada do rebanho indie pop carioca. Fora da fronteira carioca, o acordeom de Mestrinho transporta o ouvinte para território nordestino em Todo cinza é blue (Tom Karabachian) ao mesmo tempo em que há ares de fado e tango embutidos nessa composição sobre paixão surgida na cinzenta pauliceia. Na sequência, a alma nordestina brota na cadência do xote Eu vivendo nossa vida, composta e gravada por Tom em parceria com Chico César, pilar paraibano da nação musical nordestina. Música eleita para anunciar o álbum Barato abstrato em single editado em 8 de agosto, Domingo à noite (Tom Karabachian e Léo Quintella) é balada com apelo pop bissexto no disco, o que justifica a escolha para single. Parceria de Tom com George Sauma, Ressaca Brasil cai em suingue tropical entre o reggae e o piseiro, com certa artificialidade, em gravação bafejada pelos sopros orquestrados por Elisio Freitas, responsável pela excelente produção musical do álbum Barato abstrato (o trabalho de Elisio contribuiu decisivamente para que seja nítida a evolução de Tom Karabachian entre o EP Aviciou e o presente álbum). Há em Ressaca Brasil e no samba Pra toda gente (Tom Karabachian) – gravado com a adesão do sagaz partideiro Mosquito – uma brasilidade que reverbera no passo folião do frevo que fecha o disco, Lance lance, com ecos de Moraes Moreira (1947 – 2020) e ares (intencionais?) de Bala Desejo. As três animadas faixas do fim do álbum devem surtir efeito no show Barato abstrato, que estreia hoje, 13 de novembro, no Clube Manouche, no Rio de Janeiro (RJ), cidade natal do cantor. Também ator, Antônio Karabachian Araújo deixa boa impressão com álbum que joga luz sobre o nome do artista na cena musical.
Tom Karabachian apresenta dez músicas autorais no primeiro álbum, ‘Barato abstrato’, (bem) produzido por Elisio Freitas Lucas Nogueira / Divulgação Capa do álbum ‘Barato abstrato’, de Tom Karabachian Lucas Nogueira com arte de Fernando Blanchart ♫ OPINIÃO SOBRE DISCO Título: Barato abstrato Artista: Tom Karabachian Cotação: ★ ★ ★ 1/2 ♪ A amplitude do baixo tocado por Elisio Freitas na introdução de Sou assim até mudar, primeira das 10 músicas do primeiro álbum de Tom Karabachian – Barato abstrato, no mundo desde a última sexta-feira, 7 de novembro – prepara o terreno para a entrada do canto cool do jovem artista. Cantor, compositor e instrumentista carioca de 27 anos, Antônio Karabachian Araújo tenta se consolidar na cena com disco autoral lançado três anos após o EP Aviciou, editado em 2021, ano em que Mart’nália apresentou o álbum Sou assim até mudar, batizado com o nome da então inédita canção ora revivida pelo autor sem o molejo da cantora. E, verdade seja dita, a gravação íntima de Tom expõe e valoriza a natureza da música em registro delicado como a voz do artista. Sim, Tom Karabachian é das canções e busca a melodia, traço que já o diferencia de grande parte da geração atual, cujo som é mais calcado nas batidas e na timbragem do que propriamente nas músicas em si. Diante desse quadro, faz todo sentido que Tom seja parceiro de Zé Ibarra, outro jovem cantor e compositor de alma antiga. Amigos de infância, Tom e Zé tentam se enturmar com a própria geração ao mesmo tempo que deixam entrever que bebem de límpidas águas passadas. Nos meus olhos, pai e a composição-título Barato abstrato são as duas músicas que Tom e Zé assinam juntos na boa safra do álbum. Barato abstrato injeta ânimo no cancioneiro do artista com coro, ecos de Caetano Veloso e sopros arranjados pelo próprio Tom. Já No meus olhos, pai é bela canção de alma blue que celebra a figura paterna tão presente na vida de Karabachian, filho do cantor, compositor e músico carioca Paulinho Moska. No álbum Barato abstrato, a presença de Moska é sentida nos versos de Um coração só, escritos para a música do filho. A faixa ostenta luxuoso arranjo de cordas de Dora Morelenbaum, outra artista de nobre ascendência musical que no fundo é ovelha (quase) desgarrada do rebanho indie pop carioca. Fora da fronteira carioca, o acordeom de Mestrinho transporta o ouvinte para território nordestino em Todo cinza é blue (Tom Karabachian) ao mesmo tempo em que há ares de fado e tango embutidos nessa composição sobre paixão surgida na cinzenta pauliceia. Na sequência, a alma nordestina brota na cadência do xote Eu vivendo nossa vida, composta e gravada por Tom em parceria com Chico César, pilar paraibano da nação musical nordestina. Música eleita para anunciar o álbum Barato abstrato em single editado em 8 de agosto, Domingo à noite (Tom Karabachian e Léo Quintella) é balada com apelo pop bissexto no disco, o que justifica a escolha para single. Parceria de Tom com George Sauma, Ressaca Brasil cai em suingue tropical entre o reggae e o piseiro, com certa artificialidade, em gravação bafejada pelos sopros orquestrados por Elisio Freitas, responsável pela excelente produção musical do álbum Barato abstrato (o trabalho de Elisio contribuiu decisivamente para que seja nítida a evolução de Tom Karabachian entre o EP Aviciou e o presente álbum). Há em Ressaca Brasil e no samba Pra toda gente (Tom Karabachian) – gravado com a adesão do sagaz partideiro Mosquito – uma brasilidade que reverbera no passo folião do frevo que fecha o disco, Lance lance, com ecos de Moraes Moreira (1947 – 2020) e ares (intencionais?) de Bala Desejo. As três animadas faixas do fim do álbum devem surtir efeito no show Barato abstrato, que estreia hoje, 13 de novembro, no Clube Manouche, no Rio de Janeiro (RJ), cidade natal do cantor. Também ator, Antônio Karabachian Araújo deixa boa impressão com álbum que joga luz sobre o nome do artista na cena musical.